gosto de tentar entender esse amor-tubarão, que é o completamente-amor, sem liberdade. que é amor-posse, amor-canibal.
mas acho, junto com você, que o amor que conhecemos no geral é sempre a tentiva de se equilibrar na tensão entre o eterno e o livre.
e que os "problemas amorosos" revolvem em torno desse equilibrio desequilibrar, e pender ou prum lado ou pro outro.
e o nosso trabalho é viver onde a água e o óleo se tocam, sem tentar misturar os dois; porque amor nunca pode ser efetivamente liberdade nem o contrário, só conseguem se conciliar lado a lado.
Concordo; caso contrário estaríamos lidando com um profeta, figura ao qual vocifera o certo pelo certo, o leito pelo leito (um dos maiores males que pode acarretar a uma sociedade - Kafka dixit)
O poeta,por outro lado,é um forjador,alguém que finje sem saber que está finjindo, alguém que não sendo é. A sua miséria e insignificância está aí nesta doçura de burrice tão autêntica...
Sobre o amor: a meu ver os "problemas amorosos" aparecem para não serem resolvidos. Desculpe-me,mas como amar por sobre muros? Com o binóculo platônico?
você falou bem, pode ser que os problemas amorosos não sejam para ser resolvidos, e que não sejam para nada; ao contrário, fogem dessa posição servil do "para alguma coisa" e só existem.
Mas acho, ainda, que o que a gente quer quando quer amar é esse muro.
Querer deve significar movimento para o desejado, e nem sempre concretude.
Então, mesmo não conseguindo ficar em cima do muro, o "ideal", talvez o objetivo seja aproveitar os sabores e deslilusões de cada lado em que se está.
É forte demais o completamente.
[e um brinde à conclusão eterno-retornante de que a vida é colorida, mas baseada em escala de cinza]
Sim, também acho forte demais o completamente, contudo não sei ao certo se devo temer a dureza do chão ou a aridez de um pensamento que me leva a acreditar na dureza dos chãos;ademais, temos ossos para isso.
Se não sabemos para que é a vida, não temos como saber para que é o amor ou todas as outras coisas da vida. Não penso que haja um "para que" na existência.Existir já é tudo! Concordo com vc q o querer é movimento, vou além, ele é só o movimento. Alguem que saiba o que quer, não pode estar amando.
Que valor tem "saber" o q é o amor? Perceber o que tem de comum entre as diferentes manifestações das coisas significa conhecer o conceito da coisa. O conceito de chachorro não late.
Quando se ama, não se sabe o que é, mas sabe-se que está amando. Quem ama "moderadamente" ainda ocupando-se da liberdade, apenas infere o "amor" pelo que há de comum entre o q está sentindo, as músicas românticas e as novelas.
ainda assim, a minha questão não é hierarquizar o sentir e o pensar. nem em favor de um nem de outro.
isso, porque se só sentir o amor fosse válido, não seriam tão fortes "Aurora" do Murnau, "Olhos nos olhos" do chico ou "Madame Butterfly".
do jeito como você coloca, parece que a arte e o pensamento estão à serviço daqueles que querem amar.
mas a arte precisa pensar o que é misterioso.
então "qual é o valor de 'saber' o que é amor?"
justamente, é de graça.
só é uma pergunta porque mistérios gostam de atrair atenção para si. então procurar saber o que é amor tem o mesmo valor de todos os outros saberes, o de movimento em direção a um mistério.
[em outra pergunta: o fato de o conceito de cachorro não farejar faz dele inútil?]
Sinto logo existo. meu pensar é um sentimento. sem pensar eu ainda sinto, sem sentir eu não existo sem existir eu não penso.
a arte existe por necessidade do artista, o pensamento, do pensador.
“...tem o mesmo valor de todos os outros saberes, o de movimento em direção a um mistério.” “o querer é movimento, vou além, ele é só o movimento.” e o mistério? o gato comeu. e o gato? é o querer.
[É útil para falar de cachorro, mas só com quem sabe o que é um cachorro.]
quero que vocês sejam meus amigos e fiquem falando de amor pracaramba no meu ouvido, enquanto eu estiver com meus sessenta anos, bebendo minha cerveja e fumando meu cachimbo; as crianças na piscina e tal...
ah, o amor... é lindo, mesmo!
viva o planeta terra
(e flora, publica meu comentário em que eu dizia que "gosto de implicar, mesmo")
23 comentários:
é, ele só quer eternidade. Liberdade é estar amando.
gosto de tentar entender esse amor-tubarão, que é o completamente-amor, sem liberdade.
que é amor-posse, amor-canibal.
mas acho, junto com você, que o amor que conhecemos no geral é sempre a tentiva de se equilibrar na tensão entre o eterno e o livre.
e que os "problemas amorosos" revolvem em torno desse equilibrio desequilibrar, e pender ou prum lado ou pro outro.
e o nosso trabalho é viver onde a água e o óleo se tocam, sem tentar misturar os dois; porque amor nunca pode ser efetivamente liberdade nem o contrário, só conseguem se conciliar lado a lado.
O livre é.
O eterno seria.
impressionante como vocês conseguem complicar...
é que o simples é o sensorial (e livre)
complicada é a arte (e eterna)
você já deve ter amado tudo, pra dizer o que o amor pode ou nunca pode ser..
eu não preciso (nem consigo) sentir toda a saúde possível para saber o que é saúde.
pensar sobre alguma coisa significa perceber o que tem de comum em nas várias formas como ela se manifesta.
Se fosse necessário sentir tudo para pensar sobre alguma coisa, não existiria individualidade.
[ser homem é precisar conviver com a fração, nunca com a totalidade; e mesmo assim, pensar]
Concordo; caso contrário estaríamos lidando com um profeta, figura ao qual vocifera o certo pelo certo, o leito pelo leito (um dos maiores males que pode acarretar a uma sociedade - Kafka dixit)
O poeta,por outro lado,é um forjador,alguém que finje sem saber que está finjindo, alguém que não sendo é. A sua miséria e insignificância está aí nesta doçura de burrice tão autêntica...
Sobre o amor: a meu ver os "problemas amorosos" aparecem para não serem resolvidos. Desculpe-me,mas como amar por sobre muros? Com o binóculo platônico?
você falou bem, pode ser que os problemas amorosos não sejam para ser resolvidos, e que não sejam para nada; ao contrário, fogem dessa posição servil do "para alguma coisa" e só existem.
Mas acho, ainda, que o que a gente quer quando quer amar é esse muro.
Querer deve significar movimento para o desejado, e nem sempre concretude.
Então, mesmo não conseguindo ficar em cima do muro, o "ideal", talvez o objetivo seja aproveitar os sabores e deslilusões de cada lado em que se está.
É forte demais o completamente.
[e um brinde à conclusão eterno-retornante de que a vida é colorida, mas baseada em escala de cinza]
É Flor...
Não é pro seu bico.
não se pode acreditar sem questionar.
e eu preciso acreditar.
Sim, também acho forte demais o completamente, contudo não sei ao certo se devo temer a dureza do chão ou a aridez de um pensamento que me leva a acreditar na dureza dos chãos;ademais, temos ossos para isso.
Se não sabemos para que é a vida, não temos como saber para que é o amor ou todas as outras coisas da vida. Não penso que haja um "para que" na existência.Existir já é tudo!
Concordo com vc q o querer é movimento, vou além, ele é só o movimento. Alguem que saiba o que quer, não pode estar amando.
Que valor tem "saber" o q é o amor?
Perceber o que tem de comum entre as diferentes manifestações das coisas significa conhecer o conceito da coisa. O conceito de chachorro não late.
Quando se ama, não se sabe o que é, mas sabe-se que está amando.
Quem ama "moderadamente" ainda ocupando-se da liberdade, apenas infere o "amor" pelo que há de comum entre o q está sentindo, as músicas românticas e as novelas.
[sexo verbal, não faz meu estilo]
você tem razão.
ainda assim, a minha questão não é hierarquizar o sentir e o pensar. nem em favor de um nem de outro.
isso, porque se só sentir o amor fosse válido, não seriam tão fortes "Aurora" do Murnau, "Olhos nos olhos" do chico ou "Madame Butterfly".
do jeito como você coloca, parece que a arte e o pensamento estão à serviço daqueles que querem amar.
mas a arte precisa pensar o que é misterioso.
então "qual é o valor de 'saber' o que é amor?"
justamente, é de graça.
só é uma pergunta porque mistérios gostam de atrair atenção para si.
então procurar saber o que é amor tem o mesmo valor de todos os outros saberes, o de movimento em direção a um mistério.
[em outra pergunta: o fato de o conceito de cachorro não farejar faz dele inútil?]
você tem sentido.
Sinto logo existo.
meu pensar é um sentimento.
sem pensar eu ainda sinto,
sem sentir eu não existo
sem existir eu não penso.
a arte existe por necessidade do artista, o pensamento, do pensador.
“...tem o mesmo valor de todos os outros saberes, o de movimento em direção a um mistério.”
“o querer é movimento, vou além, ele é só o movimento.”
e o mistério?
o gato comeu.
e o gato?
é o querer.
[É útil para falar de cachorro,
mas só com quem sabe
o que é um cachorro.]
[...ou pra diferenciá-lo do gato]
[O cachorro conhece o conceito de cachorro? Como ele diferencia cachorro de gato?
E o gato conhece o conceito de cachorro? Pq ele não mija no poste?]
[eles sentem. a gente percebe]
Não trocamos idéias(cada um continua com as suas).
Trocamos estímulos, só por prazer.
Essa hora da madrugada?
foi bom pra você?
[quase amor, como o cachorro é quase gato.]
vocês são inteligentes à vera! várias reflexões!
quero que vocês sejam meus amigos e fiquem falando de amor pracaramba no meu ouvido, enquanto eu estiver com meus sessenta anos, bebendo minha cerveja e fumando meu cachimbo; as crianças na piscina e tal...
ah, o amor... é lindo, mesmo!
viva o planeta terra
(e flora, publica meu comentário em que eu dizia que "gosto de implicar, mesmo")
rs.
o comentário do ininterrupto na madrugada teve uma pausa de força onírica: caí de sono.
e amor-comercial-de-margarina também é bonito, quando não impede os outros tipos de amor só pela força da comparação.
mas não encontrei o comentário do gostar de implicar. [de qualquer forma, agora tá comentado.]
(=
Isso é que da o colorido da vida.
Uns gostam de implicar e fumar cachimbo, outros de escrever, outros de pensar, outros de fazer amor.
Particularmente eu eu só dispenso as duas primeiras atividades da lista.
Adoro seu blog, você junta as minhas três: pensa e escreve com amor.
[O resto é escala de cinza.]
é que, segurando o binóculo platônico, não tem como não ver uma cumplicidade definitiva entre Logos e Eros.
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