quarta-feira, 25 de maio de 2011

câmera subjetiva ou "sono-vigília"
A imagem é sempre mais do que aquilo que ela anuncia porque é antinatural.
ela concluiu.
E, nesse fio de momento, éramos contemporâneas. Sem jamais voltar a ser.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sobre o sonho do grande Alexandre ou "como o Google é a obra de arte do nosso tempo"


[Louise Elisabeth Vigée-Lebrun e Google Imperial Project]

tudo múltiplo sob o um.
é que o cotidiano é na poeira, para todos-nós.
verve do tempo
através do espaço:
única solução
de contínuo crasso.

terça-feira, 17 de maio de 2011

outro assunto ou "sobre a firmeza calada do mármore"

[banksy]


somos povos inteiros, cada um; sensíveis a coisas diversas, cada um; em guerra particular, cada um.
em 
guerra-contra-dição.

Vamos, voz, 
chegou a sua vez. 
Diga aí, agora, 
Quem é você?

ressoa, então, o dominador:  
quantas vezes é preciso morrer de novo antes de acabar?
Somos insensatos em coisas diversas, cada um.

Eu? Eu mesma não sou.
Expresso apenas 
carnalidade imaculada:
a sua, a das carnes 
e a das flores.


[amigo-Amparo, Pedro Henrique]

The
Mind is per se, they say.
I say "mind the vain".

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Inter faeces et urinam nascimur,
o deus disse.

 [a portrait of the artist as a young man]


Espantosa sexualidade
de todo ser vivo:
refeito em coito,
feito em mênstruos e abortos.

Amar é o preço de viver.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

sobre a condescendência abstrata da medicina ou "it takes science structure to make of the unconcrete, unreal"

[the escher graphin' group]

- You might very well have the Abstract Longing type of love bug.
- So I've been told. But I'd diagnost the diagnosis as mis-semantics.

sábado, 7 de maio de 2011

[sonya fu]
Iugoslávia


e, com toda a sensação
fim-desconcertante num filme
-aqueles que terminam com vírgulas-
recai o refrão:
é preciso se adaptar à solidão?

ou ainda, ao contrário:
não há que se adaptar a nada,
simplesmente não há comunicação.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

"prova ontológica" ou descartes está me afetando pela culatra

Criança e achava que "morar embaixo do viaduto" era metáfora. 

Isto se explica: mais nova ainda, minha mãe perguntou se eu gostaria que a gente tivesse uma casa na praia. Como rosto translúcido de criança mostra rápido toda a confusão, mamãe compreendeu os sofás e tapetes em cima da areia que estavam aparecendo na imaginação da criança. Então ela riu de que-gracinha e me explicou que era uma espécie de linguagem figurada, o que ela tinha dito, e servia para encurtar o que já estava subentendido. Disse, depois, que existia coisa mais radical ainda que chamava "metáfora", e isso sim dava em coisas absurdas-mais-ou-menos.

[adam ek berg]

Achei bonita, a palavra.

Eis que, então, se falavam sobre "morar embaixo do viaduto", eu entendia  "praticamente embaixo": num prédio-ou-casa muito perto de um viaduto. Ou ainda, morar em lugar ruim.

E, sendo criança no Rio de Janeiro, é claro que os olhos passaram por algum viaduto habitado eventualmente, mas eles nunca se sintonizaram com a possibilidade desse absurdo-outro-mundo antes; logo, nunca tinham reparado nisso até os meus 7 anos.

Até os meus sete anos, disse. É, chegou o pequeno clímax da história, o desanuviamento no encontro avassalador:  Sim, havia pessoas do outro lado do vidro do carro; e sofás; e cadeiras e cartola, e mais muito-muito lixo. E tudo isso embaixo da estrutura de concreto que leva carros por cima das ruas. Sim, realmente embaixo-do-viaduto.

Depois disso, nunca duvidei da realidade extensa das imagens.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

sobre a guerra civil

[óleo-difusão da Margarita Georgiadis - The Dust Weavers]

e ela tinha olhos de catarata, todos nostagia.
médico-sem-fronteiras diz que é doença, acho que é medo de enxergar.

vai que medo diz intuição?
 não se deve ver mais do que se deve.

terça-feira, 3 de maio de 2011


cansada demais para dormir,
e minutos-horas no escuro da cama

tento pensar em belezas poucas,
mas me anoja, meu otimismo:
são imagens feias, de mesquin-magras.

hesitei no vir-dizer isso,
mas me acalma:
reconhecer é mais em ser.



[austin power]