sábado, 7 de maio de 2011

[sonya fu]
Iugoslávia


e, com toda a sensação
fim-desconcertante num filme
-aqueles que terminam com vírgulas-
recai o refrão:
é preciso se adaptar à solidão?

ou ainda, ao contrário:
não há que se adaptar a nada,
simplesmente não há comunicação.

Um comentário:

Camila Oliveira disse...

Não como res-posta. Não porque eu saiba. Mas por beleza:

“O homem, quando jovem, é só, apesar das suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece seu nome.” (Hélio Pellegrino)