sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

TIT-FOR-TAT (ohgod)

Consider the following: two well-intentioned people adopt the TFT strategy for deciding whether to be cooperative with each other. All goes well for a while, but then one of these unintended slights occurs. Person A believes that Person B “defected” on her (whether defection here means intentionally revealing a secret, skimming profits, not working hard enough, etc.), when in actuality Person B’s behavior was accidental (i.e., she didn’t intend to act in an untrustworthy manner). Assuming they both adhere to TFT, the death spiral begins. While tit-for-tat can recover from defections when used against many strategies, this isn’t the case when it’s used against itself. The result is that noise in the system can doom what otherwise appeared to be the superior strategy; diz DeSteno.


“The Chen Family”, Fang Tong

TIT-FOR-MESS (ohGOD)
Although it’s true that all types of adult relationships — friendships, business partnerships, team memberships — involve some level of joint dependence for success, their spheres of influence are usually fairly narrow, meaning that individual breaches of trust, though unwelcome, don’t necessarily make one feel universally vulnerable. But this statement comes with one big caveat: love. When it comes to romantic relationships, most adults can have their seeming self-sufficiency momentarily obliterated. It’s not that we become paralyzed or cognitively helpless. We can still reason, research, and analyze. We can still work, cook, and plan for retirement. What we can’t do, though, is turn off that burning desire to connect with a partner — to share, to merge, to depend on, to bare our souls to him or her; disse o namorado do DeSteno.
Stick Garden, Madeline Cass


sábado, 23 de novembro de 2019

Epílogo (precoce)

Era uma conversa na cama sobre o suicídio de alguém com quem ela trabalhou, sobre os traumas acumulados de uma cultura que pede sentido, e cobra quando é novembro e neva em Paris.
Cobra porque o metro está cheio, e o casaco está molhado, e o céu cinza já vira noite às 17h30.
Como sempre, a questão é o desejo. Num dia cinzento, em crise de abstinência do desejo, irresistível é a pergunta sobre o sentido.

Mas quando estamos embaixo do edredom vermelho, quando estamos protegidas pela janela de vidro que isola o quarto, quando estamos coladas depois de tanto tempo confuso, outro do irresistível aparece: il est pas question de sens, la vie. C'est comme demander quelle est la couleur du temps. La vie est le nom de l'expérience, toute autre exigence vient de la fiction raconté par la culture.
La vie n'est ni bonne ni mauvaise, elle est par soi-même le seul but.

Et, pourtant, il est beaucoup plus facile d'oublier la question du sens quand il fait beau.
Fragmentos (b)


Fragmentos (a)

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Fragmentos (proêmio)


Vous ne pouvez jamais manger la pomme entière en même temps. Elle doit être grignoté. En mangeant, vous avez un rôle. Vous devriez savoir que le morceau à mâcher n'est pas la pomme entière. Vous ne pouvez jamais avoir la pomme entière dans la bouche, car quelle que soit sa taille, elle ne peut pas contenir le fruit qui fait partie de l'arbre ou de l'arbre qui fait partie de la terre. L'écran est votre bouche. Il y a des morceaux qui entrent. Parties de l'accident. N'essayez pas de travailler avec des plans absolus. Ne croyez pas qu'il existe un meilleur plan. Vous pouvez mordre la pomme n'importe où. Si la pomme est douce, peu importe où vous commencez à la manger. T'inquiète pour la pomme, pas pour ta bouche. Cinéaste! Anthologie de fragments, vous avez aussi un fragment, votre film inachevé, vous en faites partie, c'est la suite. Il n'y a pas de fermetures. Tuez le mot fin. Vous commencerez un film le jour où vous réaliserez que vous le continuez.

(Alejandro Jodorowsky, Comment faire des films, Neuvième leçon)


Ou: te encontro mesmo (principalmente)
nas epígrafes das teses que leio,
depois ainda te faço uma tradução selvagem
em parceria com o
google tradutor,
linguagem-loucura.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

café frio, e uma taça de rosé (a única coisa gelada na geladeira)



sexta-feira, 21 de junho de 2019

o ritmo como metáfora do amor 

segunda-feira, 6 de maio de 2019



"Blason de la ville de Riedwihr : Taillé, au premier de sinople au chou pommé d'Alsace d'argent, au second d'argent au crochet double en forme de S de sable posé en barre", me diz a Wikipédia quando quero saber como se diz couve em francês.

Ou: um brasão prum encontro antigo: parece que estou aqui há tanto tempo que tinha esquecido como a vida já foi o suco verde de cada manhã. 

domingo, 28 de abril de 2019

terça-feira, 26 de março de 2019

1922
Constantin Brancusi,
Sócrates

O oval amor : a admiração


Seus olhos são seus ouvidos, seus ouvidos são seus olhos, disse o romeno Brancusi, boquiaberto pelo Sócrates sonoro do seu mestre Satie
Ou: em 1920 Erik Satie encenou sua ópera Sócrates; dois anos depois, sussurrou mas você é deinós como Platão! no ouvido de Brancusi.


sexta-feira, 22 de março de 2019

ato 18



Final da décima quinta de suas Cartas Sobre a Educação Estética do Homem
Schiller, um paradoxo e uma promessa. 

“o homem só é completamente humano quando brinca” e nos assegura que esse paradoxo é capaz “de suportar todo o edifício da arte do belo e da ainda mais difícil arte de viver”

terça-feira, 19 de março de 2019

Meta-lament


Life piles up so fast that I have no time to write out the equally fast rising mound of reflections, disse V. Woolf.

The union of two natures for a time is so great,” respondeu Margaret Fuller 

Are we to despair or rejoice over the fact that even the greatest loves exist only “for a time”?, esqueci quem disse este. 

The time scales are elastic, disse Einstein depois de acordar com a cama molhada de suor, contracting and expanding with the depth and magnitude of each love, fazia tempo que ele não fazia amor, sabe, but they are always finite — like books, like lives, like the universe itself. Ohlala. Eita ferro.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Touquet

O dia está claro, eu comi, transei não faz tanto tempo e meu sol é ainda em virgem
E, no entanto, todo o trabalho parece embalado, sem plástico-bolha, no abismo.
Acordo cínico de sedução, como uma propaganda de perfume ou de família.

Cadê meu Sagitário pra varrer essa nóia ? coisa mesquinha...

E, no entanto.

Ou ainda:
Também isto (i.e., este jeito de dizer o isto da coisa) é mentiroso?
Também isto é desvio pro que, no profundo, é só preguiça?
Serviu para isto todo este tempo na academia? Para eu justificar a minha preguiça com uma saída bergman-cratiliana? Serviu para isto, todo este tempo de academia? Para execrar de uma vez toda a possibilidade de comunicação?

Ou ainda: a urgência da crise política me fez sentir o gosto da cama dos sociólogxs, dxs cientistas políticxs, dos geógrafxs. O gosto da cama que se sente inabalavelmente do lado certo da luta.
Admiro a luta, faço parte dela. Mas não moro permanentemente nesta cama. O que há dentro de mim que não consegue terminar esta frase.

Avesso do avesso do avesso do avesso

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Realidade muda
.

Como quer Octavio Paz, "la expresión poética es irreductible a la palavra y no obstante sólo la palabra la expresa."

Ou pior, Kafka: "I think we ought to read only the kind of books that wound and stab us. If the book we’re reading doesn’t wake us up with a blow on the head, what are we reading it for? So that it will make us happy, as you write? Good Lord, we would be happy precisely if we had no books, and the kind of books that make us happy are the kind we could write ourselves if we had to. But we need the books that affect us like a disaster, that grieve us deeply, like the death of someone we loved more than ourselves, like being banished into forests far from everyone, like a suicide. A book must be the axe for the frozen sea inside us. That is my belief."

Ou ainda: será que é por causa do realismo fantástico da nossa política que nenhum livro parece machucar mais? E, no entanto, essa necessidade traumatizada do silêncio e da palavra, ao mesmo tempo.


Friedrich Schiller: "Quando a alma fala, já não fala a alma."

Mas, entre nós, Riobaldo, em Grande Sertão: veredas, "Muita coisa importante falta nome"

"Pois a vida é impronunciável", termina (começa?) Clarice.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019



Quem, pelo contrário, ande sempre a mudar de sítio em busca de tranquilidade encontrará sempre motivos de perturbação onde quer que esteja. Houve uma vez um homem que se queixou a Sócrates de nunca ter tirado proveito das suas viagens. "Não admira!" — respondeu o filósofo. "Viajaste sempre na companhia de ti próprio!". Como beneficiariam certas pessoas se conseguissem afastar-se de si mesmas! Na realidade, são elas a causa das suas próprias angústias, cuidados, aflições e receios. De que serve atravessar o mar andando sempre de uma cidade para outra? Se queres escapar aos males que te afligem, precisas de te tornar outro homem, e não de mudar de sítio. Imagina que vais parar a Atenas, a Rodes, ou a qualquer outra cidade à tua escolha. Que importância têm os costumes dessa cidade se tu levas para lá os teus próprios? 

[...at ille qui regioneseligit et otium captat ubique quo distringatur inveniet. Nam Socraten querenticuidam quod nihil sibi peregrinationes profuissent respondisse ferunt, 'non inmerito hoc tibi evenit; tecum enim peregrinabaris'. [8] O quam benecum quibusdam ageretur, si a se aberrarent! Nunc premunt se ipsi, sollicitant, corrumpunt, territant. Quid prodest mare traicere et urbes mutare? si visista quibus urgueris effugere, non aliubi sis oportet sed alius. Puta venissete Athenas, puta Rhodon; elige arbitrio tuo civitatem: quid ad rem pertinetquos illa mores habeat? tuos adferes.]

Séneca, Cartas a Lucílio XVII-III.104.7-8 
Gulbenkian, Lisboa: 2009. (trad.: J. A. Segurado e Campos)