quarta-feira, 11 de abril de 2012

respiração cutânea ou "sobre a necessidade de ajudar o deus"



[pia bramley]


Quando sinto o nó, ele sempre já esteve dentro da pele.
é corpo estranho, grita o corpo, querendo expulsar.
é desassossego qualquer, condescende o cansaço.

No então, nó já mora e mendiga. E ele cresce.
Ninguém mais vê e ele cresce.
Tento dizer e ele cresce.

Procuro nos poetas nó que se pareça.
Oblívio óbvio: na procura do pronto não se vê.
Então procuro mais, para só ver crescer mais meu nó.

Fecho os olhos, entro n'água: agora o mundo precisa de mim.




sexta-feira, 6 de abril de 2012

cada vida, um papel
cada dia, outra vida.
[santiago salvador]


Mas hoje sou de novo George Eastman, 
o outsider do pânico em ser outsider

Pra que tanto café, diz Angela Vickers,
você matou a quem, diz Angela Vickers.
sempre em pergunta sem interrogação.

Café...
Café é pânico do não saber inside do que
                                       se quer entrar.

                                       é isso que diz:
                                       afinal, vambora.
                                       a qual de você
                                       você vai matar?

segunda-feira, 2 de abril de 2012

então realidade é som, diria Tom Zé, mas disse Carson. 

por isso é que em poema sempre-e-sempre tem verdade. 
(você veja: metro, beleza, susto, tudo isso é sinal de real).

problema é, diz nosso-Platão, o quanto dessa verdade a gente também sabe poetar.

[Glauber Rocha]