domingo, 27 de novembro de 2011

Prometeu acorrentado


 [Jochen Schievink]
Eu olho as pessoas, parecidas e diferentes, eu olho e pergunto quais são as perguntas.

É aí, eu sei, que um bom amigo vai me responder "vai, amor, pode escolher qualquer ponto na superfície da esfera, depois é só andar para frente. é aí o sem-ansiedade, é aí que você não precisa escolher o ponto de partida para chegar no coração da esfera".

Então "para frente", repito na verdade perguntando pra mim, "para frente agora é para que lado?"

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

violência treme-terra da gratuidade 



ou: pio imperativo cor é amor pelo animperativo fala

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

ADIV, PRESENTE DOS DEUSES À CIDADE


A. se deixou ultrapassar, então, depois do relance pelo velho morimbundo e acre. Mas o súbito compenetrou. E foi no olhando para o passos-curtos que viu o espanto do espelho. Abriu a boca e sentiu a membrana vermelha, úmida e morna que exalava dos lábios, como se não contivesse em si todo o múltiplo que carregava. A. não se lembrava de ter um dia estado tão parado, tão sem movimento quanto quando olhando para o velho vagar.

Estático corpo era, ainda, convulsão de sinapses:
aonde ele vai? por onde ele vai? por quê?  quem está lá? como é por lá? lá o quê? todos vamos um dia? qual é o dia? cadê? por qual caminho? é ciclo sozinho? de quê? é igual pro mundo? é mesmo prum só? por quê?  diferente para quem? é nada-ninguém? sem o quê?  escolhe ir ou não? escolhe ir-voltar? escolhe saber? se sabe é pra todos? escolhe por todos? e o quê? 
A. sentiu um movimento vagar pelas pernas. Olhou para baixo: enrugavam-se. Sorriu. Soltou ar da boca:
 acre.