you gotta have a wider display, honey babe
[saeed salem]
- Não gosto de azeitonas, comemoro empadas sem azeitonas. Então como poderia te oferecer azeitonas? Só dou o meu melhor, é uma questão de generosidade.
- Não, você quis dizer "falta de percepção". Mas o que eu sempre precisei te ouvir é "eu te amo".
clueless cruelness
13 comentários:
Estou aprendendo a dizer que te amo, isso é bem mais difícil que amar.
E você, já aprendeu a ouvir?
Estou de acordo com o comentário do Anônimo acima.
...o anonimato está ajudando a banalizar o discurso
gente, não se diz essas coisas a alguém (quando se tem um rosto e uma imagem) justamente porque é perigoso, porque é difícil.
aproveitar a falta de risco de exposição pra usar o discurso assim, não é dizer, é só brincar com as palavras.
não digo, com isso, que não gosto de jogos de palavras, mas eles só significam quando vêm junto à exposição.
seja o pensar ou seja o sentir, eles só existem quando você se entremeia dele.
o objeto de desejo não é alguma coisa exterior. ao contrário, sempre parte da vida com destino a vida, ou, em outras palavras, de você com destino a você mesmo.
Avesso e direito montam esse moto-contínuo da gratuidade, que não é banal.
Pensei um pouco mais, e acho que me precipitei.
Ainda sigo dizendo que não gosto da banalização, mas, ainda assim, consigo entender que a intenção ao escrever assim, mesmo em anônimo, é elogiosa, é mostrar carinho.
isso não tem a ver com amor romântico.
consigo entender, agora.
talvez a reação primeira tenha sido em função da pitada de cantada que o comentário tem.
e essa é a parte da hybris aqui.
não é porque as crianças gritam "xuxa, eu te amo" que a gente deveria aceitar as palavras fortes que não dizem tanto.
mas nem preto, nem branco.
existem muitos tipos de amor e eu consigo acreditar que, se tem alguém que vem aqui na casca, e volta depois, é porque se sentiu um pouco entremeado por alguma coisa.
espero não ser dura demais, e gosto muito de receber comentários, principalmente quando eles se transformam em debates.
Antes de mais nada, desculpe-me.
"Pensei um pouco mais, e acho que me precipitei."
O movimento de pensar é o que te traz não à pobreza de uma resposta, mas à inteligência de recolocar a questão.
Esperei que o forte no meu comentário fosse o "aprendendo a dizer" e o "aprendeu a ouvir".
Mas a fraqueza do "amor" acabou por sobrepor-se à força dos outros termos.
Não ter rosto mostra o rosto das idéias. Seria banal se elas tivessem alguma intenção fora do discurso e não têm.
Não se diz essas coisas a alguem quando se tem um rosto porque a intenção de dizer é comunicar e nesse caso, as palavras falham na comunicação. Seria banal se bastasse dizer. Seria como a vida que passa na TV.
Expressar o que sente não é questao de escolher palavras, é movimento. Movimento de aprender, aprender a "dizer" e a "ouvir".
"Dizer que te amo" não intencionei tanto os diferentes aspectos do amor quanto as diferentes possibilidades do "tu" em questão.
Uma pitada de cantada?
Não, uma colherada cheia de provocação.
eu não acho difícil dizer dizer que amo, e tenho rosto e sou eu mesmo.
nem acho perigoso.
o que é um saco é não poder dizer isso pra alguém, nossa, é uma bosta.
hoje mesmo, por ex: to morrendo de vontade de falar pra uma amiga que encontrei na rua outro dia. mas não posso escrever pra ela "ei, alê, foi muito bom te ver naquele dia, mesmo que rapidinho, fiquei lembrando o dia todo. vamos nos ver mais?! um abração apertadasso, te amo."
ela tem namorado, eu não ia querer ninguém lendo o meu recado. se eu mandasse private, tipo um testimonial acho que a chance de ser mal interpretado aumentava, também.
ou seja.
eu, que amo essa pessoa, e ainda tenho a vontade de falar com ela que sinto essa coisa (que considero boa e natural), tenho que ficar nessa, com medo de ser mal entendido ou de parecer banal.
porra, um homem do meu tamanho hesitando.
até perdi a vontade de continuar a escrever...
verdade, tem disso.
acho que o que vc está dizendo é que, se por um lado banalizam o amor, por outro superentendem dele.
o amor é mesmo uma coisa natural e boa, mas, no final das contas, isso acaba sendo coisa de acordo de linguagem.
você dizer esse recado todo menos a parte do "eu te amo" pra Alê já é dizer isso.
Só que você é livre o suficiente pra ter vontade de dizer com todas as letras, e o acordo geral, parece que não.
vamos nos preocupando com isso que a linguagem vai começar a se ocupar da gente.
a parte do recado é delicada.
comecei a escrever assim: "alessandra, eu te amo muito"
hoje eu não acordei com vontade de dizer que foi bom encontrá-la.
o recado todo sem o 'te amo' ia ser ridículo, por que fiquei meia hora aqui nos comments escolhendo várias palavras só pra ter a desculpa de poder dizer as que eu já sabia...
acho que eu entendo.
é mais ou menos como querer viver num mundo em que importa mais o que você sente-e-quer-dizer do que as consequências que vêm disso.
seria bonito.
mas mais bonito ainda é ser bonito dentro do mundo que existe e, por enquanto, é um com as consequências.
talvez a saída seja mostrar o sobrevalor que a gente dá a elas e que existe a possibilidade de valorizar muito o-que-é e menos esse advém-do-que-é.
será?
talvez seja questão de pesos e medidas.
mais fácil é não amar ninguém.
é a dificuldade que enfrentamos quando queremos dizer e não simplesmente falar. Dizer é sempre aprender a dizer.
Ops, esqueci, não tenho rosto.
Rosto eu tenho, só não tenho conta no google e foto pra postar.
Será que sem foto da pra ter rosto?
É, ta difícil existir nesse mundo que tem existido nos dias de hoje, ser bonito então...
Um dia a erudição tomou o lugar da cultura, depois a técnica superou a reflexão. E hoje? Hoje o critério é a visibilidade.
o critério sempre foi a visibilidade.
se não fosse, não existiria a pintura, ou a escultura. não existiria a clareza em oposição ao difuso, ou ao encoberto.
o visível é o desejo de quem se confronta com o mistério, é o desejo da humanidade.
mas você pode ser anônimo e visível, você está se tornando isso. rosto é metáfora, mesmo pra quem se é carnalmente.
eu sou bonito.
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