quando era criança e trabalhava na roça, acontecia dela sentir um poema vindo pelo horizonte. era um trem de ar, relampejando. e, quando ela sentia aproximar, só tinha uma coisa a fazer: correr feito o diabo. E correndo, perseguindo enquanto era perseguida pelo poema, o que ela precisava era chegar na casa: pedaço de papel e lápis, rápido, pro poema poder relampejar no escrito.
mas tinham outras inda vezes: ela corria, e caia, e corria, mas o poema passava por ela e continuava até o horizonte, procurando outro poeta.
só que o melhor eram os quase perdidos: ela pegava o lápis no momento depois do justo, quando o poema já passava pra fora. então a outra mão vinha ajudar: pegava o doido pela cauda e puxava do avesso, como fosse, pra volta dela.
aí era que era o curioso: o poema vinha perfeito e intacto, mas da última palavra pra primeira.
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