quinta-feira, 5 de setembro de 2013

À noite, todos os fatos são pardos.
Menos um.

Hoje há um fato que dorme
debaixo do foco de luz.
Fato mucosa, fato de pus.

Fato assustado, pois, como tudo, nascido.
Fato amarelo, pois de fato Real,
fato malquisto, fato querido;
pois que erótica é a alma dos corpos de fato fortunos
- os que sabem que o destino é a febre.

Fato: sofro, sofro, sofro,
depois volto a ser deus e começo tudo de novo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tive a esperança de ser um Lao-Tse e nascer lá pelos 80 anos (em verdade algo antes disso). De modo que tudo o que fiz foi sempre preparação para esse dia.
À medida que o tempo passou e ainda passa, percebo ser irremediavelmente medíocre: não haverá esse dia em que tudo seja para mim claro e alguma palavra digna de nota. A preparação não termina e jamais se mostrou produtiva. Devo ter feito tudo errado...
Resignado, sei que não posso alterar o mínimo que seja do que me foi prescrito. Quando animo, rabisco alguma coisa à margem dos cadernos alheios, esses de capa e conteúdo bonitos. Como o seu.

Anônimo disse...

Dói-me saber que amo pessoas ridículas,
Dói-me mais, antecipadamente, saber que elas,
ridículas, me farão falta um dia.
Fecho Borges e telefono para meu pai.