quinta-feira, 16 de julho de 2015


encontro_um tempo de abertura


Meu medo, meu terror, é se disseres:
Teu verso é raro, mas inoportuno.
Como se um punhado de cerejas
A ti fosse dado
Logo depois de haveres engolido
Um punhado maior de framboesas.

E dirias que sim, que tu me lembras.
Mas que a lembrança das coisas, das amigas
É cotidiana em ti. Que não te enganas,
Que o amor do poeta é coisa vã.

Continuarias: há o trabalho, a casa
E fidalguias
Que serão para sempre preservadas.
Se és poeta, entendes. Casa é ilha.
E o teu amor é sempre travessia.

Meu medo, meu terror, será maior
Se eu a mim mesma me disser:
Preparo-me em silêncio. Em desamor.
E hoje mesmo começo a envelhecer,


H.H, in júbilo, memória, noviciado da paixão

3 comentários:

Anônimo disse...

Tinha decidido pelo silêncio,
mas resistir é para os fracos.

Hoje voltei a rezar mesmo não acreditando.
A palavra faz bem primeiro a quem as sopra,
pouco importa se não há quem as ouça.

E cantei também. Répteis facínoras,
cobras, serpentes, e outros dragões decaídos
somos todos parentes dos bichos de pluma.

(Nunca li aqui verso teu inoportuno: talvez mal dedicado.)

Anônimo disse...

Triste esse pátio abandonado.
Onde estará sua dona?
Será que canta, será que ri, será que chora?

Anônimo disse...

Long time no see...
https://www.youtube.com/watch?v=5SfPGmeJT-w