sexta-feira, 1 de outubro de 2010

 Tenho uma pessoa de dois anos que se me alimenta.

E ela diz que não quer terminar o almoço.
e eu respondo que a gente come porque quer viver, que sem comida a gente adoece, e que ficar doente dói.
E pergunto se ela lembra de como dói a dor, e começo a imaginar ela-mesma só que mais crescida, e me olhando com os olhos de quem sabe que isso é coisa da retórica, mas que cumplicia porque sabe que é querer bem.
E continuo e digo que a gente nunca quer dor, porque a dor não deixa ver coisas bonitas, ouvir música, ver desenho ou dançar.
E que ela estraga tudo isso, a dor, mas não porque seja má; e aí vem o sussurro: mas porque ela tem que vir lembrar de que a gente não vive por obrigação.