terça-feira, 23 de agosto de 2011

Na confusão pouco movimenfractal da forma, ou "música é poeira das Musas"

[ignacio torres]

Era ontem mesmo quando eu quase acreditei no exílio dos deuses.

Ouvia uma música querendo outra.
Foi disso que veio a pulga. Não da camada toda-espessa de nuvens, nem do ar frio-abafado. Não.
Se eu quisesse, teria visto neles mais poder afável do que morimbundice.
Foi definitivamente porque eu ouvia uma música querendo outra.
Do definitivamente, seguiu:
 a convicção daninhamente instalada de que eu nunca amei os deuses virou silêncio.
E silêncio, ah, silêncio.
Outro jeito de dizer espera pelas Musas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Rendo-me a este jardim fragmentário
(que jardim não o seria?)
Cada tilisco da decantada casca,
cada pétala de pele ferida,
É cítrica, ácida,
é amarga para quem lhe crave os dentes,

Mas previne e cura a náusea do doce,
Insinua-o e oculta,
Leva ao beco-margem do ausente.

E assim adormece Sireno,
Cessadas correrias, rindo ri-dí-cu-lo mundo-eu,
Lendo, falando sozinho.