Nietzsche invejava Stendhal por este ter feito a melhor piada que pode haver sobre deus (sua única desculpa é não existir, dizia); eu, porém, invejar-te-ei eternamente por ter feito a melhor perversão de expressão que pode haver ("Bem me quer, mar me quer"); e, atônito, pergunto-me — como não pensei nisto antes? Sua pervertida, pervertedora de língua!
Gasta nervo invejando não, Luan, que ela é do mundo: aprendi esta perversidade quando vi o título do livro (ainda por ler) do Mia Couto, "Mar me quer".
Pois, então — e pra falar como Hesíodo —, que minha "Boa Éris" se dirija a Mia Couto! Invejar o bem feito alheio é encorajar-se a fazer melhor: lei da excelência, lei da antropofagia.
sim, sim, eu sei. -já tivemos esta mesma conversa umas tantas vezes-
mas falei assim por causa de outra coisa que pensei, mas não disse: será que a piada [é] mesmo do Stendhal?
ou a piada é o que ela é, num primeiro momento por causa daquilo que o Stendhal fez dela, não importando quem disse antes; e, num segundo momento, por causa do que o Nietzsche fez da piada do Stendhal?
tudo isto sublinhado pela minha desconfiança eterna deste bicho da propriedade intelectual - o enclausurador -, o criador da expectativa de um gênio humano self made man, e não de um daimon que comunica o humano com aquilo que é sempre.
O palimpsesto é um outro nome para antropofagia. Um autor? Tanto quanto o era Homero. De Homero? Próprio a Homero? Propriedade de Homero? Palimpsesto de Homero! O quê? Propriedade intelectual? Palimpsesto intelectual! Mas há palimpsesto e palimpsesto — a Boa Éris está aí pra distingui-lo, pegá-lo e fazê-lo melhor. Quase homologia, não fosse “um daimon que comunica o humano com aquilo que é”. Fico apenas com o palimpsesto. Porém fica essa conversa pra outra mesa, pois receio estender-me em demasia e a força para tanto já me falta.
5 comentários:
Nietzsche invejava Stendhal por este ter feito a melhor piada que pode haver sobre deus (sua única desculpa é não existir, dizia); eu, porém, invejar-te-ei eternamente por ter feito a melhor perversão de expressão que pode haver ("Bem me quer, mar me quer"); e, atônito, pergunto-me — como não pensei nisto antes? Sua pervertida, pervertedora de língua!
Gasta nervo invejando não, Luan, que ela é do mundo: aprendi esta perversidade quando vi o título do livro (ainda por ler) do Mia Couto, "Mar me quer".
Pois, então — e pra falar como Hesíodo —, que minha "Boa Éris" se dirija a Mia Couto! Invejar o bem feito alheio é encorajar-se a fazer melhor: lei da excelência, lei da antropofagia.
sim, sim, eu sei. -já tivemos esta mesma conversa umas tantas vezes-
mas falei assim por causa de outra coisa que pensei, mas não disse: será que a piada [é] mesmo do Stendhal?
ou a piada é o que ela é, num primeiro momento por causa daquilo que o Stendhal fez dela, não importando quem disse antes; e, num segundo momento, por causa do que o Nietzsche fez da piada do Stendhal?
tudo isto sublinhado pela minha desconfiança eterna deste bicho da propriedade intelectual - o enclausurador -, o criador da expectativa de um gênio humano self made man, e não de um daimon que comunica o humano com aquilo que é sempre.
O palimpsesto é um outro nome para antropofagia. Um autor? Tanto quanto o era Homero. De Homero? Próprio a Homero? Propriedade de Homero? Palimpsesto de Homero! O quê? Propriedade intelectual? Palimpsesto intelectual! Mas há palimpsesto e palimpsesto — a Boa Éris está aí pra distingui-lo, pegá-lo e fazê-lo melhor. Quase homologia, não fosse “um daimon que comunica o humano com aquilo que é”. Fico apenas com o palimpsesto. Porém fica essa conversa pra outra mesa, pois receio estender-me em demasia e a força para tanto já me falta.
Postar um comentário