quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Andar. Dar um passo depois do outro.
Por muito tempo eu achei que andar fosse encontrar respostas.
Uma resposta, um passo.
Outra resposta, outro passo.

Só muito depois eu encontrei a santidade das perguntas.
Mas e daí?

E daí nada, quando a pergunta é só interrogação.
É verdade no vazio, emolduram, orgulhosos, os lógicos.

O mas vem, ao contrário, da pergunta que pergunta o mesmo.
E esta sempre foi,
no fundo,
experiência.

É aí.
É aí que a cena corta prum fim de dia pesado em inverno carioca dourado. ´
É aí que, quando o calcanhar levanta, ele alavanca, vai e vê.

É só aí que um bebê aprende a andar.
É só aí que, depois de toda a aporia de pensar ir pra frente e, no entanto, cair para trás;
o bebê encontra a santidade da alavanca: ir pra frente é o paradoxo de empurrar o mundo pra trás.

7 comentários:

Anônimo disse...

Vivid in your prime,
You will leave me behind,
You will leave me behind...

Anônimo disse...

Estou sempre deixando algo para lá,
Algo sempre deixado à beira,
Tudo o que for valioso.

Pobre, livre de tudo,
Desperdiçar a fortuna
é o melhor que sei fazer.

Na casca de limão disse...

A coisa é que, mesmo que a gente queira andar pra frente, é muitas vezes bonito andar em ziguezague.

É assim que a gente pode olhar de rabo de olho o mundo que já foi e, ao mesmo tempo, desejar com desejo de passo largo, um mundo que ainda não apareceu no horizonte.

ou então: quando a gente vê a tensão de vida entre o horizonte nascente e o horizonte poente, é aí que a gente vira o mundo: revolução constante.

Anônimo disse...

Olho para trás e parece que foi outro quem andou por ali. Incômoda sensação de nem a si apreender.
Furada aquela tese de imunidade de erro de primeira pessoa.

Anônimo disse...

Que tese é essa?

Na casca de limão disse...

como é a tese?

Anônimo disse...

Para não destruir (de vez) a poesia que vos inspira, deixo um link:
http://plato.stanford.edu/entries/self-knowledge/#1.2.2

Advertindo que é dos temas mais chatos...